A secretária
de Estado da Inclusão afirmou hoje em Coimbra que o Governo quer que o
currículo específico individualizado seja aplicado apenas em casos de
deficiência profunda, ao contrário do que se verifica atualmente.
“Tem vindo a aumentar muito o número de alunos a quem é aplicado
o CEI [currículo específico individualizado] e isso é preocupante”, disse à
agência Lusa a secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência,
Ana Sofia Antunes, sublinhando que o executivo pretende que este currículo seja
aplicado apenas em casos de “deficiência profunda, em que a apreensão de
conteúdos esteja seriamente dificultada”.
Ana Sofia
Antunes alertou também para o facto existirem, de momento, vários obstáculos
para as crianças que são encaminhadas para esta medida especial de adaptação
curricular, criticando o facto de, quando o jovem termina o 9.º ano, apenas
recebe um “certificado de frequência” e não um certificado de aprovação.
Esta situação “coloca problemas no momento” de os alunos serem
“aceites num curso profissional, em que eles têm de ter determinado tipo de
certificação de conteúdos já apreendidos”, apontou a secretária de Estado.
As crianças, ao não terem um certificado de aprovação, não podem
ser encaminhadas para o ensino profissional e, mesmo que o frequentem, apenas
irão “sair de lá com um certificado de frequência”.
“Qual é a empresa que lhe vai dar uma oportunidade? Ela aprender
os conteúdos, até aprendeu, mas não tem um diploma. Isso não faz sentido”,
disse, referindo que o Governo está a trabalhar para que esta situações fiquem
clarificadas.
A secretária de Estado avançou ainda que está a ser estudado, em
conjunto com o Ministério de Educação, um aumento do número de horas de apoio
curricular por semana para as crianças com necessidades educativas especiais.
“À chegada, deparámo-nos com crianças com meia hora de apoio
curricular por semana. Isso é nada”, sublinhou Ana Sofia Antunes, que falava à
agência Lusa à margem do Encontro Internacional de Educação Especial, que
decorre entre hoje e sexta-feira na Escola Superior de Educação de Coimbra.
Fonte :
Lusa, 14 de Julho de 2016
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