Para quem não tem de conviver, direta ou indiretamente, com algum tipo de deficiência, talvez não se tenha apercebido ainda da revolução que os media digitais representam. Na verdade, onde as tecnologias fazem realmente diferença é nas pessoas com algum tipo de limitação.
Por exemplo, a deficiência auditiva já não é impedimento para comunicar através de telefone. Basta pensar no uso de mensagens escritas, que revolucionou a capacidade de comunicação de pessoas com dificuldades auditivas. Os preços mais acessíveis de smartphones e tablets juntamente com conteúdos e apps para estes fins, disponíveis em maior número, ajudam a encontrar soluções que alteram positivamente a vida destas pessoas.
As redes sociais, em concreto, têm ajudado a dar voz a quem tem mais dificuldade em fazer-se ouvir. Isto é especialmente importante para influenciar os decisores a criarem políticas mais inclusivas. Sem este recurso, seria difícil sair do silêncio em que vivem muitas pessoas para terem impacto na definição das políticas.
É também através dos media sociais que muitos pais se ligam a outros que enfrentam desafios semelhantes, para trocarem experiências e conhecimento. E também para avançarem com ações de sensibilização da população para estes temas. Através das redes sociais dá-se visibilidade a causas mais concretas – como a angariação de fundos para um fim – ou mais genéricas, educando para uma atitude mais positiva sobre a deficiência.
As redes sociais têm ajudado as pessoas com necessidades especiais a criar uma maior consciência na sociedade para a importância de práticas mais inclusivas um pouco em todas as dimensões: educação, emprego, acessibilidade...
Por outro lado, as redes sociais podem ser um problema quando amplificam o bullying.
Maysoon Zayid, escritora e comediante, sofre de paralisia cerebral. Numa TED Talk, esta palestino-americana fala sobre a necessidade de criar imagens mais positivas (nos media) sobre as deficiências que afetam as pessoas. Sobretudo, o impacto negativo que as redes sociais podem ter nas crianças com necessidades especiais. De frente para o público, Maysoon diz o seguinte: “os médicos disseram que eu não iria andar, mas hoje estou aqui em frente a vocês; no entanto, se eu tivesse crescido com as redes sociais, não sei se estaria”.
O poder que as redes sociais têm para alterar positivamente a vida das pessoas é usado por alguns para espalhar mensagens de ódio. O primeiro passo para utilizar estas ferramentas com respeito é perceber que o uso destes meios não é inócuo. E quando alguém expõe as suas debilidades está especialmente sensível a comentários negativos.
A população em geral, e as crianças em concreto, precisam de assumir a sua responsabilidade pessoal de tornar os ambientes digitais espaços de acolhimento. Sobretudo para aqueles que mais dependem deles para poderem comunicar.
In Escola Virtual/Blogue, Luís Pereira
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