quarta-feira, 15 de março de 2023

O que precisa saber sobre o bullying em 11 perguntas


No ano lectivo passado, as situações de bullying em contexto escolar aumentaram 37%. A PSP registou 2847 ocorrências criminais com as injúrias e ameaças a atingiram o valor mais elevado dos últimos nove anos lectivos, revelam dados daquela polícia, no Dia Mundial do Combate ao Bullying, que se assinala nesta quinta-feira.

A pensar nas crianças e nos jovens que são vítimas ou agressores, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) criou um documento com o intuito de ajudar a aumentar a consciencialização para a gravidade deste fenómeno que deve ser acompanhado por pais e professores, mas também pelos alunos.

O que é o bullying?

Chama-se bullying a qualquer comportamento agressivo que seja exercido repetidamente, por um indivíduo ou grupo, com a intenção de magoar alguém física ou psicologicamente. Trata-se de um comportamento premeditado e repetitivo que acontece com o propósito de provocar mal-estar e ganhar controlo sobre outra pessoa.

Que comportamentos podem ser considerados bullying?

Todos os comportamentos que implicam uma forma de “intimidação, agressão ou humilhação física, psicológica, relacional ou sexual”, responde o documento “Vamos falar sobre Bullying”.

De acordo com a OPP existem vários tipos de bullying entre os quais o físico que envolve comportamentos como bater ou cuspir, mas também comportamentos de cariz sexual como acariciar ou tocar alguém contra a sua vontade. Fala-se também no bullying verbal que se manifesta através de insultos, ameaças ou provocações, e no bullying socioemocional que envolve o isolamento ou exclusão social de alguém fazendo com que se sinta rejeitado.

A Internet tornou-se também o palco para outro formato de bullying conhecido por cyberbullying e que envolve a sua utilização para enviar mensagens de cariz insultuoso e para a partilha de informação de alguém contra a sua vontade.

Fonte: Publico.pt 

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terça-feira, 14 de março de 2023

A educação que estamos a dar com a Educação

Hoje quero agradecer a todos meus professores, homens e mulheres que com paciência, carinho, assertividade e objetividade me foram ensinando e preparando para a vida. Quero agradecer até aqueles de quem não gostei na altura, mas que hoje reconheço que agiram bem. Nem sempre reconhecemos a pedagogia do rigor.

A maioria dos meus professores foram gente muito boa, marcas que me ficaram para a vida. Lembro-me sempre do professor de grego e de latim, que me incentivava a escrever para o jornal da escola, quando viu em mim algum potencial de escrita. Quero agradecer à professora Maria José, de Moral, que me ensinou a pensar as coisas e o mundo pela própria cabeça; e ao professor de métodos quantitativos que me ensinou a lógica por trás de tudo. Quero agradecer ao professor de História da Arte que me ensinou a olhar o mundo e a sua beleza com outros olhos, além de que nos dizia sempre os melhores restaurantes onde almoçar perto de cada monumento estudado.

Quero agradecer aos professores e professoras de gestão, liderança e políticas públicas que fizeram eco àquilo que o meu pai me ensinou desde pequeno quando víamos notícias que falavam de problemas no mundo.

A cada problema, a cada desafio, a cada desgraça que se via noticiada o desafio do meu pai era perguntar-me o que faria eu para resolver e solucionar a questão.

Esta mentalidade virada para as soluções foi aquilo que aprofundei mais tarde na universidade e é aquilo que o mundo hoje nos pede constantemente: soluções.

Infelizmente, aquilo que vemos na educação em Portugal não são soluções. São professores cada vez menos respeitados, cada vez menos valorizados. Esse é o caminho para uma profissão em extinção. Que escola teremos daqui a 10 anos? Se a falta de professores agora é um problema, nessa altura será pior pois não se vislumbram políticas de atratividade para chamar bons professores.

Quem ensinará os nossos filhos?

Fui professor do ensino secundário durante 12 anos. Nestes anos vi a pedagogia a perder espaço para a burocracia. Vi o ambiente e a motivação dos professores a deteriorar-se. Vi o espaço sereno que uma escola tem de ser a transformar-se em sítio de tumulto, de insatisfação, de conflito.

Que educação estamos a dar com esta Educação?

Nelson Mandela dizia com sabedoria que era através da educação que a filha de um agricultor se podia tornar médica, que o filho de um mineiro se podia tornar o diretor da mina, que a criança dos agricultores mais rurais se podia tornar presidente de uma grande nação.

Atrevo-me a acrescentar o óbvio num apelo ao ministro da educação, mas sobretudo, ao ministro das finanças: o que o Estado gastar hoje em educação, poupará amanhã em produção de riqueza, poupará amanhã em prisões, poupará amanhã em assistencialismo, poupará amanhã em cuidados de doenças que preveniu com literacia em saúde.

Gastar em educação é poupar em muitas outras coisas.

Gastar em educação é investir nos professores, é investir no conhecimento técnico, científico, e também na pedagogia e na cidadania, nos valores que fazem do nosso mundo um sítio melhor.

A Educação é o nosso jardim mais belo, mas também o mais frágil.

Cuidemos dele, cuidemos de cada flor, de cada aluno e aluna. São o nosso maior tesouro.

Pedro Neto

Fonte: TSF por indicação de Livresco

segunda-feira, 6 de março de 2023

O que fazer com um adolescente que mente?

Tem conselhos sobre mentir? O meu filho de 16 anos diz que mente para não me desapontar e que o faz sem realmente pensar no assunto, porque quer evitar a desilusão imediata. Compreendo isso e assegurei-lhe, em tantas ocasiões, que são as mentiras que me desiludem. Ele responde (uma vez mais) que vai passar a pensar antes de falar. Como posso começar a confiar nele?

Isto acontece com coisas simples como prometer que não vai usar o telefone durante a noite e ser apanhado a fazê-lo. Tiro-lhe o telefone ou volto a confiar nele na noite seguinte? Sendo uma família monoparental com dois adolescentes, o cansaço é imenso. Vale a pena "forçá-lo" a ir a um terapeuta?

Obrigada por escrever. Assumir a solo a parentalidade de dois adolescentes? Não duvido que haja esgotamento, e o meu primeiro conselho é para que tenha calma. Quer seja fruto de uma escolha, de uma separação, divórcio, viuvez, as famílias monoparentais têm regras próprias. Porquê? Porque não é razoável esperar que uma pessoa faça o trabalho de duas.

O seu filho disse-lhe claramente porque é que está a mentir: não quer ser motivo de desilusão. Isto leva-me a algumas perguntas: A pressão é demasiado alta? Será que as expectativas estão desenquadradas? Haverá uma história de vergonha e de culpa quando ele disse a verdade? Reflicta sobre o seu papel com honestidade. É verdade que todos os pais de um adolescente perdem a calma, mas será que a sua desilusão é palpável? As suas expectativas são razoáveis e amáveis?

Ou a vergonha do seu filho é algum tipo de culpa auto-imposta que vem de dentro? Ele é ansioso ou perfeccionista, ou tem distorções de cognição em relação à culpa, vergonha e verdade? Pode ser tão bondoso, compreensivo e aberto quanto possível, e o seu filho ainda pode ter algumas crenças falsas. Se pensa que a ansiedade ou depressão está em jogo, isto precisa de ser enfrentado com empatia e apoio com os profissionais adequados.

Quanto ao que notei, pode ser que quando ele mentiu em muitas ocasiões e ouviu que são as mentiras que são decepcionantes não tenha percebido. Lembre-se: os humanos são alérgicos a sentir-se separados de quem estão ligados, por isso mesmo a ideia de desilusão pode fazer com que o seu filho se feche e se sinta envergonhado. Pode estar a separar a mentira do seu filho, mas ele pode não estar.

Outro ponto: quando se trata de ecrãs, muitos (se não a maioria) dos adolescentes não conseguem resistir ao canto da sereia. Promessas, garantias e as melhores intenções saem pela janela à medida que as mensagens, os convites para jogos e os alertas das redes sociais entram. De facto, a maioria dos adultos não se consegue controlar quando se trata dos seus próprios dispositivos, pelo que o seu filho não está sozinho.

Por agora, deixaria de falar sobre a mentira, nem que fosse porque não está a funcionar, e convocaria uma reunião com ele e diria: "Tem havido alguma dificuldade em desligar os ecrãs durante a noite. Diz-me o que se está a passar". Depois ouça o seu filho. É trabalho de casa? Um interesse romântico? Jogos? Filmes? Podcasts? É preciso compreender o seu ponto de vista se se pretende criar soluções com ele.

Depois de ter compreendido completamente o problema, pode dizer: "A questão é que o teu sono é da maior importância, e a luz azul está a atrapalhá-lo. O que podemos fazer para mudar isto?" Ambos precisam de gostar das soluções; isto terá mais hipóteses de funcionar, porque esperamos que o seu filho não sinta a necessidade de mentir, e ambos terão um objectivo comum. Tudo isto vem directamente do modelo de resolução de problemas explicado em A Criança Explosiva, de Ross Greene. Quando usado correctamente, é respeitoso e eficaz tanto para os pais como para os adolescentes.

Tire o foco das mentiras, aprecie a honestidade do seu filho, olhe para os padrões e ocupe-se em criar soluções em conjunto. Boa sorte.

Meghan Leahy

Fonte: Público

sábado, 4 de março de 2023

Ministro da Educação vai ser ouvido no Parlamento sobre educação inclusiva

O ministro da Educação e a secretária de Estado da Inclusão vão ser ouvidos no parlamento sobre o regime jurídico da educação inclusiva, por requerimento do PSD e da Iniciativa Liberal, aprovado esta quarta-feira com abstenção do PS.

Os dois partidos queriam ouvir João Costa e a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social a propósito da concretização do decreto-lei que estabelece o regime jurídico da educação inclusiva.

Os requerimentos foram votados esta quarta-feira em reunião da comissão parlamentar de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, e aprovados com a abstenção do PS.

De acordo com fonte do grupo parlamentar do PSD, da parte do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social será ouvida a secretária de Estado da Inclusão, Ana Sofia Antunes, em vez da ministra Ana Mendes Godinho.

As audições deverão realizar-se em reunião conjunta com a comissão parlamentar de Educação e Ciência.

Fonte: Observador

quinta-feira, 2 de março de 2023

Não falava até aos 11 anos, não escrevia até aos 18. Hoje tem 37 e é professor em Cambridge

Foi diagnosticado com autismo, aprendeu a falar aos 11 anos e a ler e a escrever aos 18. Com dois mestrados e um doutoramento, aos 37 está prestes a tornar-se professor na Universidade de Cambridge.

Diagnosticado com autismo e um atraso no desenvolvimento geral das suas capacidades, Jason Arday foi tendo dificuldades na fala até aos 11 anos e, até fazer 18, não sabia ler ou escrever. Hoje tem 37 anos e está prestes a tornar-se a pessoa negra mais nova a conseguir um cargo de professor na Universidade de Cambridge.

Não sabia falar, mas lembra-se de sempre ter tido a curiosidade afiada em questões que geralmente passam ao lado de uma criança como “porque é que existem pessoas sem abrigo?” ou “porque é que existe guerra?”.

Apesar da sua condição, que em muitos casos afeta o sentido de empatia, Jason refere que, desde cedo, nutriu empatia pelo sofrimento de outras pessoas, o que lhe dava uma vontade de agir em prol do bem de quem precisasse.

Quanto às suas influências, segundo Jason Arday, foi a sua mãe que exigiu mais dele e teve um papel fundamental no seu desenvolvimento, autoconfiança e capacidades. Incentivando-o a ouvir música de todos os géneros, ela esperava que isso o ajudasse a conceptualizar a linguagem. Já para a leitura e a escrita, foi um amigo e tutor, Sandro Sandri, que o ajudou e incentivou.

Inicialmente, o objetivo de Ardat era tornar-se um professor de educação física, acabando até por tirar um curso nessa área. Mas, à medida que ia trabalhando como professor e crescendo numa zona que refletia a realidade de desigualdades sistémicas que jovens de minorias étnicas têm de superar, outras ambições começaram a vir-lhe à mente.

Aos 22 anos, Arday interessou-se num curso de pós graduação diferente e falou com o seu tutor, que acreditou nele e lhe disse “tu consegues”. O curso era na área da Sociologia.

Com esse voto de confiança, lançou-se no seu desafio. Mas confessou que “aprender a tornar-me num académico foi difícil, sobretudo porque não tinha grande prática de como o fazer”.

Durante o dia, Arday trabalhava como professor de educação física, durante a noite concentrava-se em toda a papelada e trabalhos para as cadeiras de Sociologia.

“Quando comecei a fazer trabalhos académicos, eu não sabia o que estava a fazer. Houve uma altura em que tudo era rejeitado”, desabafa.

As adversidades tornaram-se lições e a certo ponto, Arday divertia-se com a aprendizagem. A meta mantinha-se à vista e, quando deu por isso, tinha completado dois mestrados e um doutoramento em Educação.

8 anos depois prepara-se para o cargo que lhe é destinado enquanto professor de Sociologia da Educação em Cambridge.

Atualmente, só existem 5 professores negros nesta Universidade. O seu objetivo é trazer mais pessoas como ele a lugares de topo, como o que conseguiu.

“O meu foco é como é que se pode democratizar o ensino e abrir portas a mais pessoas que vêm de situações desfavorecidas”, acrescenta.

Fonte: CNN Portuga