Hoje quero agradecer a todos meus professores, homens e mulheres que com paciência, carinho, assertividade e objetividade me foram ensinando e preparando para a vida. Quero agradecer até aqueles de quem não gostei na altura, mas que hoje reconheço que agiram bem. Nem sempre reconhecemos a pedagogia do rigor.
A maioria dos meus professores foram gente muito boa, marcas que me ficaram para a vida. Lembro-me sempre do professor de grego e de latim, que me incentivava a escrever para o jornal da escola, quando viu em mim algum potencial de escrita. Quero agradecer à professora Maria José, de Moral, que me ensinou a pensar as coisas e o mundo pela própria cabeça; e ao professor de métodos quantitativos que me ensinou a lógica por trás de tudo. Quero agradecer ao professor de História da Arte que me ensinou a olhar o mundo e a sua beleza com outros olhos, além de que nos dizia sempre os melhores restaurantes onde almoçar perto de cada monumento estudado.
Quero agradecer aos professores e professoras de gestão, liderança e políticas públicas que fizeram eco àquilo que o meu pai me ensinou desde pequeno quando víamos notícias que falavam de problemas no mundo.
A cada problema, a cada desafio, a cada desgraça que se via noticiada o desafio do meu pai era perguntar-me o que faria eu para resolver e solucionar a questão.
Esta mentalidade virada para as soluções foi aquilo que aprofundei mais tarde na universidade e é aquilo que o mundo hoje nos pede constantemente: soluções.
Infelizmente, aquilo que vemos na educação em Portugal não são soluções. São professores cada vez menos respeitados, cada vez menos valorizados. Esse é o caminho para uma profissão em extinção. Que escola teremos daqui a 10 anos? Se a falta de professores agora é um problema, nessa altura será pior pois não se vislumbram políticas de atratividade para chamar bons professores.
Quem ensinará os nossos filhos?
Fui professor do ensino secundário durante 12 anos. Nestes anos vi a pedagogia a perder espaço para a burocracia. Vi o ambiente e a motivação dos professores a deteriorar-se. Vi o espaço sereno que uma escola tem de ser a transformar-se em sítio de tumulto, de insatisfação, de conflito.
Que educação estamos a dar com esta Educação?
Nelson Mandela dizia com sabedoria que era através da educação que a filha de um agricultor se podia tornar médica, que o filho de um mineiro se podia tornar o diretor da mina, que a criança dos agricultores mais rurais se podia tornar presidente de uma grande nação.
Atrevo-me a acrescentar o óbvio num apelo ao ministro da educação, mas sobretudo, ao ministro das finanças: o que o Estado gastar hoje em educação, poupará amanhã em produção de riqueza, poupará amanhã em prisões, poupará amanhã em assistencialismo, poupará amanhã em cuidados de doenças que preveniu com literacia em saúde.
Gastar em educação é poupar em muitas outras coisas.
Gastar em educação é investir nos professores, é investir no conhecimento técnico, científico, e também na pedagogia e na cidadania, nos valores que fazem do nosso mundo um sítio melhor.
A Educação é o nosso jardim mais belo, mas também o mais frágil.
Cuidemos dele, cuidemos de cada flor, de cada aluno e aluna. São o nosso maior tesouro.
Pedro Neto
Fonte: TSF por indicação de Livresco
Sem comentários:
Enviar um comentário