sábado, 23 de maio de 2015

Brincar é tão importante como estudar ou lavar os dentes


Através do brincar, as crianças abrem uma janela para o seu interior, diminuem ansiedades, expressam emoções e medos, mostram a forma como compreendem o mundo, fazem perguntas,partilham dúvidas, constroem sentidos… Envolvem-se numa troca social e afetiva muito rica. O brincar pode ser considerado inato, ainda que sensível à estimulação, no sentido que a exploração do mundo e a curiosidade são comportamentos que identificamos nos bebés, desde que nascem.
Brincar é uma das tarefas da infância com maior responsabilidade no desenvolvimento cognitivo, emocional, social e motor. Através do brincar assiste-se ao desenvolvimento da criatividade, da imaginação, da experimentação de papéis e da compreensão do mundo que rodeia a criança. No jogo simbólico a criança experimenta diferentes papéis, dá forma aos seus pensamentos, ao que observa à sua volta, exprime as suas emoções, interpreta o que acontece consigo e com os que a rodeiam e ensaia comportamentos. Nesse sentido, o brincar, enquanto um processo, tem impacto no corpo, na mente e no espírito. Brincar é por isso essencial, como ter uma rotina para estudar ou lavar os dentes.
É inegável que as brincadeiras das crianças de hoje, são diferentes das dos seus pais e muito diferentes das dos seus avós. Sem dúvida, as tecnologias vieram acrescentar um leque variado de novas brincadeiras e formas de entretenimento. O recurso às “brincadeiras tecnológicas” não deve funcionar como uma “ama tecnológica” que impede a criança de socializar, mas sim como uma via alternativa para a criança brincar. O seu uso não deve ser proibido, mas também não deve ser a única forma da criança brincar.
Há brinquedos e brincadeiras que podem ser transversais a uma vasto leque de idades, adequando apenas o grau de “complexidade” ao nível de desenvolvimento da criança.
– Puzzles e construções – permitem desenvolver a motricidade fina, o raciocínio lógico-abstrato, a capacidade de planeamento, a resistência à fadiga e à frustração, a imaginação.
– Papel e material para rabiscar, desenhar e pintar; plasticinas – permitem desenvolver a imaginação, a motricidade fina, a expressão emocional.
– Livros – forma lúdica da criança aprender, consciencializar-se, regular e desenvolver-se emocionalmente; proporciona a interação entre a criança e quem explora com ela o livro; permite colocar questões e refletir; desenvolver a linguagem, a imaginação, a memória e o espírito crítico.
– Todos os materias que permitam à criança brincar ao faz de conta e experimentar outros papéis, desenvolvendo a imaginação, as suas competências sociais, estratégias de resolução de problemas (lenços, chapéus, utensílios de cozinha, caixas, perúcas, molas, malas, óculos…).
A que vão brincar hoje?

Inês Afonso Marques
Psicóloga Clínica; Coordenadora área infanto-juvenil da Oficina de Psicologia

Sem comentários:

Enviar um comentário