O autismo é
um transtorno global do desenvolvimento, desde a infância, marcado pela
dificuldade no domínio da linguagem e da comunicação social - Reprodução/Pixabay
RIO
- Estudo patrocinado pelo Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH) com seis
universidades, entre elas a de Indiana, Ohio e de Yale, nos Estados Unidos,
mostrou que crianças com autismo e graves problemas de comportamento melhoraram
depois que seus pais foram treinados durante semanas para lidar com reações
agressivas e de isolamento — e os benefícios foram observados por até seis
meses após a intervenção.
O treinamento forneceu aos pais estratégias
específicas sobre como lidar com acessos de raiva, agressão, autolesão e
abandono. Um outro grupo de pais usado na comparação feita pelo estudo apenas
recebeu informações sobre a doença.
Publicado
nesta terça-feira no Journal of the American Medical
Association, o estudo constatou que pais que passaram por
treinamento específico foram mais eficazes na redução do comportamento
agressivo e de isolamento dos filhos do que pais que foram apenas educados
sobre a questão
O autor do estudo, Karen Bearss, professor assistente
de pediatria do Marcus
Autism Center e da Emory
University School of Medicine, observou que
foi impressionante a melhora das crianças em ambos os grupos. Mas, em relação
ao comportamento introspectivo, segundo ele, o grupo do "treinamento foi
claramente melhor”.
O autismo é um transtorno global do desenvolvimento,
desde a infância, marcado pela dificuldade no domínio da linguagem e da
comunicação social, prejudicada pelo comportamento restritivo e repetitivo. O
distúrbio afeta de 0,6% a 1% das crianças em todo o mundo. Em crianças
pequenas, o autismo acarreta, muitas vezes, graves problemas como acessos de
raiva, agressão, auto-lesão e descumprimento às exigências de rotina.
Estes comportamentos podem ser opressivos aos pais e
gerar profunda incerteza sobre como lidar com eles. Existem medicações para
estas questões comportamentais, mas os pais são relutantes ao uso.
— Este é o maior estudo aleatório sobre qualquer
intervenção comportamental em crianças com autismo. E isso mostra que a
formação dos pais funciona — observa Lawrence Scahill, professor de pediatria
na Marcus and Emory School of
Medicine, que dirigiu a pesquisa.
No estudo, 180 crianças, com idade entre 3 e 7 anos,
autistas e com graves problemas de comportamento, foram distribuídas
aleatoriamente para o grupo de “24 semanas de formação dos pais” ou para “o
grupo de 24 semanas de educação dos pais”. O treinamento para pais consistiu em
11 sessões centrais, duas opcionais, dois controles telefônicos e duas visitas
domiciliares. Já o grupo de “educação dos pais” incluiu 12 sessões e uma visita
domiciliar.
Os pais, que fizeram ambos os tratamentos, estiveram
em 90% das sessões do programa, o que sugere o grande envolvimento com o
estudo.
Após 24 semanas, as crianças “do grupo de treinamento”
mostraram melhora de 48% em relação ao comportamento separatório, comparado a
um declínio de 32% para “o grupo de educação”. Na última semana, 70% das
crianças “do grupo de treinamento” mostraram resposta positiva em comparação
com 40% “para o grupo de educação”. O progresso geral foi avaliado por um
médico que não participou da realização do tratamento.
— Este é um estudo muito importante para as crianças e
para as famílias. O treinamento dos pais é conhecido por ser eficaz para
crianças e adolescentes com problemas de comportamento em geral e agora está
demonstrado ser eficaz para crianças com autismo — comentou o psiquiatra
infantil John Walkup, também professor de psiquiatria da Weill-Cornell Medical College e New York-Presbyterian
Hospital. Walkup, que não estava envolvido no estudo,
acrescentou como um dos pontos altos do estudo, o fato de que os benefícios do
treinamento dos pais ser construído com o tempo.
In O Globo
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